Por Ricardo Ojeda Marins (Artigo publicado no site Gestão do Luxo da FAAP)

Ícone da elegância aristocrática investe no consumidor que dirige o próprio carro

Os luxuosos automóveis Rolls-Royce foram utilizados pela aristocracia no século passado e atualmente continuam a ser utilizados por reis, rainhas e presidentes pelo mundo afora. Muitos atributos e qualidades vêm à nossa mente quando pensamos na prestigiosa marca, porém, jovialidade certamente não é um deles. Fundada em 1906 por Frederik Henry Royce e Charles Stewart Rolls, como resultado de uma parceria realizada entre eles em 1904 em Manchester, no Reino Unido, a marca inglesa que ficou famosa pela fabricação dos mais luxuosos automóveis do mundo quer mudar sua imagem e busca agora atrair jovens consumidores de alto poder aquisitivo. A empresa diz nunca ter trabalhado com agências externas de propaganda e afirma que está em conversação com algumas delas para campanha de seu novo sedã, o modelo Ghost. “Não é algo que já tenhamos feito no Reino Unido anteriormente, mas estamos interessados em conhecer idéias de profissionais de algumas agências com experiência no mercado automotivo”, diz a empresa.

O modelo Ghost inaugura um novo segmento da marca, sendo jovial e menor que o modelo Phantom, seu carro-chefe. O público-alvo é o cliente Rolls-Royce que dirige o próprio carro, buscando o desempenho dos grandes sedãs de luxo, com aparência sóbria e elegante. Externamente, ele apresenta a forte identificação visual da marca, com a inconfundível grade dianteira cromada, e com o símbolo “RR”, sinônimo de sofisticação e exclusividade. Apelidado de “baby roller” em uma tentativa de ser moderno e cool, o modelo é ainda considerado mais aerodinâmico e esportivo, segundo especialistas. Apesar de atrair o consumidor jovem, seu valor segue a precificação dos bens produzidos pela grife. O modelo custa £ 190 mil (cerca de R$ 532 mil).

O luxuoso sedã inglês possui sistema de estabilização Anti-Roll, impedindo a inclinação da carroceria em curvas, sistema Night Vision, que mostra na tela LCD do computador de bordo imagens de uma câmera posicionada na grade dianteira. Isso permite ao motorista ver nitidamente imagens de objetos que estejam a mais de 300 metros de distância. No item segurança, o Ghost é equipado com um sistema que detecta e avisa o motorista sobre mudanças de faixa sem indicação de seta, prevenindo uma sua eventual distração. Mike Pratt, especialista em design, afirma que seu interior em couro é todo costurado à mão e chega a levar duas semanas para ficar pronto, desde a escolha e preparação das peças até seu acabamento. O luxo e a sofisticação estão presentes em cada detalhe, como o guarda-chuva embutido na porta dianteira, que sai do seu compartimento apenas com o toque de um botão.

De acordo com Helmut Riedl, diretor de engenharia da empresa, “o Ghost é um Rolls-Royce”. Isso significa que, apesar de seus extraordinários números de performance, ele foi desenvolvido para oferecer potência refinada. Tais características são ilustradas pelos significativos níveis de torque disponíveis a baixas rotações, o que faz a arrancada ser muito suave e proporciona uma relaxante experiência de dirigir. “Nosso desafio foi preservar o nível de conforto e fornecer a mais interessante e dinâmica pilotagem jamais vista em um Rolls-Royce”, diz ainda Heidl.
Segundo o jornal americano The Wall Street, as vendas do novo modelo Rolls-Royce Ghost – marca de alto luxo pertencente ao Grupo BMW -, saltaram para 220 carros em maio de 2010 contra os 51 no mesmo mês em 2009. Nos primeiros cinco meses, as vendas da Rolls-Royce totalizaram 678 em comparação com 276 veículos no mesmo período do ano anterior.

Para os apaixonados por automóveis e tecnologia, mais uma tentação que certamente aguçará o desejo de adquirir o carro: em parceria com a Apple, foi criado um aplicativo exclusivo do Rolls-Royce Ghost para usuários do iPhone e do iTouch, onde é possível conhecer detalhes do modelo em fotos e vídeos, além de customizá-lo escolhendo uma das 12 cores disponíveis, opções do revestimento em couro, acabamento da madeira e outros. Após montado, seu carro poderá ficar guardado em uma garagem virtual. Puro luxo contemporâneo e interativo.

Ao tentar atrair esse consumidor, a Rolls-Royce deve ser cuidadosa com as estratégias a serem utilizadas. O perigo é, evidentemente, uma campanha de marketing excessivamente ambiciosa trazer aumento de popularidade à marca em curto prazo, porém com o risco de sacrificar a longo prazo seu prestígio e sua credibilidade, uma vez que é símbolo do clássico, da elegância e da exclusividade.

O primeiro automóvel produzido pela Rolls-Royce, em 1906