Bugatti Type 57SC Atlantic

Por Ricardo Ojeda Marins (Artigo publicado no site Gestão do Luxo da FAAP)

Modelos antigos atraem colecionadores e apaixonados por carros

Enganam-se os que pensam que o sucesso dos carros antigos ficou no passado. Com certeza eles marcaram épocas, mas ainda estão presentes não apenas em cenas de cinema, mas sim na vida real e são desejados por muitos consumidores, além de altamente valorizados, podendo alguns deles valer alguns milhões de dólares.

No início a indústria automobilística, não tendo referências de modelos anteriores, produzia verdadeiras obras de arte e engenharia criadas a partir de necessidades específicas e os veículos não eram uma mera evolução do modelo anterior. Muito diferente do passado, hoje há maior competitividade, inclusive entre as marcas de automóveis de alto luxo no Brasil e no exterior. E para os carros antigos e históricos, os preços de muitos modelos chegam a ultrapassar qualquer modelo atual de luxo. Com sede em Londres, o Hagi (Historic Automobile Group International), é uma carteira de índices que determina valores de carros raros e clássicos. “Dois fatores determinantes para o preço são os números produzidos e o desempenho de corrida”, diz Dietrich Hatlapa, fundador do Hagi. “Se você tem sucesso de corrida, isso pode significar que o valor do carro supere de 300 a 400%. Porém, se restaurado, o veículo pode ser menos valioso do que o original”, diz ainda Hatlapa.

Ferrari 250 Testarossa 1957

Os grandes eventos de leilões de carros antigos trazem raridades para os admiradores, e gastos que podem ser milionários para os colecionadores. O valor de muitos modelos antigos é realmente alto, mas as pessoas que colecionam compram pelo desejo e emoção. De fato, são carros históricos e raridades que não voltam mais, já que muitos deles tem um charme incomparável e foram produzidos em série limitada. Nesses leilões eles são expostos com pintura nova, motor original e pequenas modificações que deixam o carro ainda mais charmoso, tornando a escolha uma tarefa difícil. Boa parte dos compradores têm o objetivo de realizar exposições, até mesmo porque a quantidade de aficionados pelo tema é enorme.

Em maio de 2010, foi leiloado em Santa Monica, na Califórnia, o carro considerado o mais valioso do mundo. Por mais de US$ 30 milhões, o modelo Bugatti Type 57SC Atlantic, originalmente fabricado em 1936, foi adquirido por um comprador não divulgado. “Estou muito feliz por encontrar o novo comprador desse luxuoso e clássico modelo de 1936, um dos automóveis mais valiosos e importantes do mundo, pertencente a coleções particulares e raramente visto durante as últimas quatro décadas”, diz David Gooding, presidente e fundador da Gooding & Company, empresa que promoveu o leilão. Apenas três modelos Bugatti SC foram fabricados, sendo um deles pertencente ao estilista americano Ralph Lauren, dono de uma invejável coleção de carros.

Ferrari 250 GTO modelo 1963

Muitas são as marcas de carros clássicos históricos desejados por apaixonados e colecionadores. Considerada ícone do mercado de luxo automotivo, a Ferrari não poderia estar ausente. Seu modelo 250 GTO modelo 1963 (foto acima) foi adquirido pelo DJ britânico Chris Evans este ano, por nada menos do que £15milhões, em leilão realizado pela RM Auctions. Apenas 33 unidades deste modelo foram produzidas no mundo. E no mundo dos leilões de carros de luxo também predomina a excelência na apresentação do produto e dos serviços. Um bom exemplo é a estratégia usada pela RM Auctions, organizadora de leilões da Ferrari. Para um seleto grupo de clientes, há um programa de experiências proporcionadas durante os quatro dias que antecedem o dia do leilão, que acontece no centro de logística da equipe de Fórmula 1. O programa inclui visitas ao museu da marca italiana e à sua linha de montagem, além de um passeio até alguns castelos onde ficam coleções particulares, para apreciar alguns dos modelos que foram comprados em leilões anteriores.

Uma das paixões do consumidor brasileiro está ligada a carros e afins. O mercado de carros antigos de luxo é restrito e seletivo, com algumas lojas especializadas no país, contando ainda com a Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), entidade sem fins lucrativos fundada em 1987 por um grupo de apaixonados por carros antigos. A FBVA coordena as atividades dos clubes associados, como BMW Car Club Brasil, Chrysler Clube do Brasil, Museu do Automóvel de São Paulo e outros, além do calendário de eventos do segmento, sendo filiada a FIVA (Federação Internacional de Veículos Antigos), fundada em 1966 e com sede em Bruxelas. O calendário de eventos do órgão no Brasil é extenso. Durante todo o ano, há exposições em diversas regiões do país.

Em São Paulo, há lojas especializadas em carros antigos esportivos, clássicos, vintage e de alto luxo. A Private Collections, que fica no Jardim Europa, tem um showroom admirável onde podem ser encontrados importados com poucos anos de uso até modelos clássicos e históricos dos anos 50, 60 e outros, como Cadillac, Jaguar, BMW, Mercedes ou ainda uma Maserati ano 1974 com apenas 20 mil quilômetros de uso. De acordo com Ricardo Robertoni, diretor da loja paulistana, um dos fatores que tem encorajado a compra de antigos é a valorização. “A maioria dos carros clássicos não desvaloriza e alguns ainda têm seu preço inflacionado, como é o caso de alguns conversíveis europeus”, diz.  Robertoni afirma ainda que ter carro antigo também representa um estilo de vida.

Encontrar um carro antigo não é o mesmo que encontrar um carro novo ou um lançamento. É uma busca insaciável que faz parte da paixão dos colecionadores e admiradores dessas máquinas que marcaram épocas, fizeram e ainda fazem sucesso além de, em muitos casos, remeter o seu consumidor a momentos inesquecíveis de sua vida, como a infância ou a juventude.

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